Friday, January 08, 2010

BALANÇO 2009

Em 2009 o CIIPC/CMVRSA dinamizou múltiplos projectos e actividades em torno da investigação, interpretação, usufruto e educação para o património.
Destacamos a edição da obra “Cacela e o seu poeta Ibn Darraj al-Qastalli na história e literatura do al-andalus” com novos dados sobre Cacela Velha no período islâmico; a nova toponímia de Cacela Velha em torno de poetas que aí nasceram ou sobre ela escreveram; a 3ª edição do ciclo de percursos pedestres temáticos “Passos Contados”; a continuação das “Palavras sobre a Ria” e do Ciclo de Cinema “Sob as estrelas em Cacela Velha”; o projecto educativo “Para que servem as plantas? Usos antigos da flora algarvia” dinamizado com diversas escolas do concelho; oficinas de verão para crianças e jovens; exposições sobre a Jazida fossilífera de Cacela, “Jardins de Sombras” e “Interacções Artísticas com o Lugar” no Cemitério antigo; assim como uma série de novos materiais educativos (separadores de livros e puzzles) editados no âmbito do projecto “À descoberta das 4 cidades”.
Aqui fica o balanço “ilustrado” para que possamos recordar os momentos vividos com tanta e boa companhia!

1. Investigação

Continua o Projecto “Pré-história e Megalitismo em Cacela” com o estudo dos materiais exumados nas escavações arqueológicas no túmulo megalítico de Santa Rita em colaboração com a Universidade de Huelva. Alguns dos resultados foram divulgados no 7º Encontro de Arqueologia em Silves.

Deu-se início ao Estudo das cerâmicas islâmicas de Cacela Velha sob a orientação científica da Universidade de Huelva compreendendo a criação de uma base de dados e estudo histórico das cerâmicas (funcionalidades, produções locais, importações e paralelos).



Ficou concluída a pesquisa histórica sobre Cacela Velha no período islâmico, a partir de uma extensa consulta das fontes árabes antigas, desenvolvida pelo Professor Amhed Tahiri na origem da obra “Cacela e o seu poeta Ibn Darraj al-Qastalli na história e literatura do al-andalus”.




2. Valorização, divulgação e usufruto

Passeios e visitas

“Passos Contados” o ciclo de passeios pedestres, dinamizado pelo CIIPC/CMVRSA, voltou a mobilizar este ano, na sua 3ª edição, muitas dezenas de participantes na interpretação da paisagem, dos seus valores naturais e elementos patrimoniais. Os percursos iniciaram em Abril o Mestre José Salgueiro com quem ficámos a conhecer as ervas e os seus usos para a medicina popular e alimentação. Com o arqueólogo João Pedro Bernardes partimos em Maio à descoberta dos vestígios vísiveis e invisíveis da presença romana em Cacela. Em Junho observámos o céu durante a noite com o físico Cândido Marciano da Silva que connosco partilhou antigas mitologias ligadas aos astros. Com os pés na água fomos em Julho à procura dos animais da maré baixa com a bióloga Maria Dias. Estivemos à escuta dos morcegos à roda de Cacela com a bióloga Sofia Lourenço numa noite quente de Agosto. E com o ornitólogo Filipe Moniz andámos procurar a fauna nocturna em Setembro e observámos as aves da ria em Outubro.
Pela riqueza e diversidade de experiências que proporcionam, pela interrogação e diálogo entre os participantes e os guias especializados, pela descodificação activa do património, pelo contacto próximo com os valores culturais e paisagísticos, os Passos Contados conquistaram os muitos participantes que se juntaram nestes percursos de interpretação.






Continuaram as visitas acompanhadas a Cacela Velha. Interpretar os testemunhos visíveis do passado, relacioná-los com a história da região, levantar hipóteses a partir de dados recentes da investigação arqueológica, compreender as mudanças recentes na relação do homem com o território e os recursos locais, são alguns dos desafios das visitas acompanhadas que o CIIPC tem dinamizado para grupos, mediante marcação prévia.
As visitas dirigem-se a todos os interessados e são acompanhadas por técnicos do CIIPC em português e inglês.


Conferências e congressos


Ciclo de Conferências “Viajantes, Escritores e Poetas: Retratos do Algarve” em Faro e Vila Real de Santo António. Viajantes Escritores e Poetas – Retratos do Algarve foi o mote para um longo e participado ciclo de conferências que decorreu entre Março e Julho deste ano, organizado pelo Centro de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade do Algarve e o CIIPC / CMVRSA. A iniciativa trouxe às duas cidades algarvias Vila Real de Santo António (Arquivo Histórico Municipal) e Faro (Livraria Pátio das Letras) vários especialistas das Universidades do Algarve, Nova de Lisboa e Faculdade de Letras de Lisboa, assim como poetas e escritores algarvios, ou residentes no Algarve: António Rosa Mendes; José Joaquim Dias Marques; José Carlos Barros; Teresa Rita Lopes; João Carlos Carvalho; Isabel Dias; João David Pinto-Correia; Nuno Júdice; Gastão Cruz; João Minhoto Marques; Carina Infante do Carmo; Ana Alexandra Carvalho; Ana Catarina Ramos; Artur Gonçalves; Emanuel Guerreiro; Maria do Rosário Marinho; Vasco Barbosa Prudêncio; Pedro Ferré. No dia 14 de Novembro foi lançado o livro que reúne as conferências proferidas ao longo do ciclo.









Apresentação de conferência/aula aberta intitulada “Novas experiências na investigação, interpretação e usufruto do património em Cacela” na Universidade do Algarve em Faro, a convite da unidade curricular de Gestão do Património Cultural da licenciatura em Património Cultural do Departamento de História, Arqueologia e Património da FCHS, no dia 19 de Novembro de 2009.

Apresentação das comunicações O túmulo megalítico de Santa Rita: um primeiro balanço do projecto de investigação “Pré-história e megalitismo na área de Cacela” e Bioarqueologia de uma amostra esquelética provenientedo túmulo de Santa Rita (Vila Real de Santo António): dados perliminares no 7º Encontro de Arqueologia do Algarve, que se realizou em Silves (22, 23 e 24 Outubro).




Exposições

Exposição de Arte e Multimédia “Jardim de Sombras”. No âmbito do projecto educativo “Para que servem as plantas? Usos antigos da flora algarvia”, desenvolvido pelo CIIPC ,inaugurou no dia 31 de Julho e esteve patente durante o mês de Agosto, no Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela em Santa Rita, a exposição de Arte e Multimédia “Jardim de Sombras”.
Esta exposição foi concebida pela dupla de artistas Carole Purnelle e Nuno Maya através da observação, extracção e manipulação das sombras da flora algarvia. A junção das artes plásticas com a multimédia deram uma dimensão interactiva à exposição levando o público a criar e explorar obras efémeras, físicas e virtuais. Fotografia, vídeo e instalação foram postos em cena, acompanhados de um trabalho sonoro original. No Jardim de Sombras foi dada toda a atenção à forma, movimento e intensidade de cada sombra, criando um espectáculo único de formas bidimensionais num espaço tridimensional. Puderam também descobrir-se os jardins mágicos criados por algumas crianças, com elementos recolhidos em pleno barrocal algarvio, durante um atelier de criatividade dinamizado nos dias 29 e 30 de Julho.





Exposição “Vestígios de um passado tropical. Os fósseis de Cacela” (Abril a Julho). Por ocasião do Ano Internacional do Planeta Terra inaugurou a exposição “Vestígios de um passado tropical. Os fósseis de Cacela”, organizada pelo CIIPC / CMVRSA em estreita colaboração com a Universidade do Algarve.
Pretendeu-se alertar a comunidade para a importância do Património Geológico do concelho de Vila Real de Santo António, designadamente da Jazida Fossilífera de Cacela Velha, onde se podem encontrar sedimentos que contêm o testemunho melhor preservado e mais completo do nosso país, em termos de abundância e diversidade de fósseis de moluscos provenientes de um período da História da Terra designado de Miocénico (7 a 9 milhões de anos).
Através de uma série de painéis explicativos profusamente ilustrados e de uma projecção multimédia procurou-se perceber a formação geológica de Cacela, o ambiente, a ecologia e a paisagem do período em que se formaram os fósseis e as suas diferenças com o tempo actual. A exposição propunha ainda uma incursão sobre a diversidade dos fósseis que ali se podem encontrar e o seu processo de formação e mostrava todo o trabalho desenvolvido pelos paleontólogos alertando para a importância da protecção da geodiversidade.




Programação cultural em Cacela Velha

Da vontade de associar a aldeia à poesia e no âmbito do programa de apresentação do livro “Cacela e o seu poeta Ibn Darraj al-Qastalli na História e Literatura do al-Andalus”, inaugurou-se a 4 de Abril, a nova toponímia de Cacela Velha, atribuindo-se às ruas nomes de poetas que aí nasceram ou sobre ela escreveram.
Tendo como ponto de partida a figura deste poeta natural de Cacela (958-1030), o largo principal passou a designar-se Largo Ibn Darraj al-Qastalli. Da mesma forma, Abû al-‘Abdarî, poeta natural de Cacela (séc. XI), Sophia de Mello Breyner Andresen, escritora e poetisa (1919-2004), Eugénio de Andrade, poeta (1923-2005) e Teresa Rita Lopes, escritora e poetisa (1937), deram nome às restantes ruas. Para além das placas toponímicas foram ainda afixados pequenos azulejos com poemas da autoria dos escritores em questão.




Organização da iniciativa “Palavras sobre a Ria”. Em Cacela Velha, no Verão, dezenas de pessoas voltaram a juntar-se aos Domingos para Conversas ao cair da tarde, com o areal da península a enquadrar os azuis da paisagem da Ria Formosa. Os poemas de Ibn Darraj al-Quastalli, nascido em Cacela por meados do século X, serviram de inspiração e ponto de partida para uma conversa com Alice Fernandes sobre os vestígios islâmicos no nosso patronímico linguístico (21 de Junho), e com António Baeta sobre esse rumor que o al-Andalus nos trouxe pelo lado da poesia (26 de Julho). Com Hugo Cavaco, entretanto, deixámos desfiar histórias de piratas e mercadores (6 de Setembro).



Organização do ciclo de cinema “Sob as estrelas em Cacela Velha”. Este Verão abriram-se novamente as portas do velho portão de ferro do Cemitério Antigo de Cacela Velha para dar entrada a quem à noite, sob as estrelas, quis ver cinema. Organizado pelo CIIPC/ CMVRSA em colaboração com o Cineclube de Faro, o ciclo de cinema propôs nesta segunda edição, mais 4 sessões de cinema, durante os meses de Agosto e Setembro, sempre às 22h00. No dia 25 de Agosto assistiu-se ao filme “O grande peixe”, de Tim Burton e no dia 27 teve lugar a sessão “À procura da Terra do Nunca”, de Marc Foster. No dia 1 de Setembro foi a vez de “Beowulf” de Robert Zemeckis e, finalmente, no dia 3, passou em sessão dupla, o documentário “Praia de Monte Gordo” de Sofia Trincão e Óscar Clemente e o filme “Floripes”, de Miguel Gonçalves Mendes.




Ciclo de concertos “Clássica em Cacela 2009”. A CMVRSA e a Associação Altela – Fórum de Cidadania organizaram este ano, uma vez mais, o ciclo de concertos “Clássica em Cacela 2009”, que apresentou no dia 1 de Agosto, na Igreja de Cacela Velha, e sob a direcção de Francisco Rosado, o Ensemble de Flautas de Loulé, contando com os convidados especiais Ricardo Correia, Ana Figueiras e Teresa Matias.
Integrado neste mesmo ciclo foi ainda possível assistir, no dia 10 de Agosto no Cemitério Antigo de Cacela Velha, a um recital de piano pela mão de Alena Khmelinskaia. No dia 15, no areal da Ria (no final da escadaria em frente à Igreja), teve lugar um recital de violoncelo, por Catarina Rafael e, finalmente, no dia 24, novamente na Igreja de Cacela Velha, Teresa Matias apresentou um recital de flauta de bisel.



Homenagem ao homem, ao poeta e ao pintor de Cacela, o insólito e eloquente Adolfo C. Gago. No dia 20 de Setembro dezenas de pessoas reuniram-se no Cemitério Antigo de Cacela Velha para prestar homenagem a Adolfo C. Gago, ao homem, ao poeta e ao pintor. Conhecido de muitos dos Cacelences, mas desconhecido de grande parte do público, este insólito personagem foi dado a conhecer pela artista plástica Teresa Patrício.




Adolfo C. Gago nasceu em Cacela Velha em meados de 1900 onde viveu grande parte da sua vida. A sua particular sensibilidade e as suas posições políticas levaram-no a escrever sobre a raiva interior que sentia por uma certa classe hipócrita da natureza humana e fê-lo com grande clareza. Artífice pintor, como se chamava a si próprio, pintou centenas de quadros. Autodidacta vindo do nada. Dos seis livros que escreveu de poesia e prosa, existem apenas dois registados na Biblioteca Nacional, ambos edição do autor.
Numa altura em que Cacela Velha presta homenagem aos poetas que aí nasceram ou sobre ela escreveram, ficou-se a conhecer a herança poética de Adolfo C. Gago.


O projecto de arte pública “Interacções Artísticas com o Lugar” da artística plástica Paula Reaes Pinto marcou durante o mês de Agosto duas zonas de Cacela Velha – uma nos viveiros da ria e outra no espaço do cemitério antigo. Todos os objectos desta instalação multimédia (vídeo-instalação, vídeo-animação, caixas com fotografias e depoimentos gravados de pessoas locais e escultura) nasceram da interacção com as pessoas de Cacela Velha, através de conversas, filmagens e fotografias realizadas durante as várias estadias que se prolongaram por quase dois anos. O projecto partiu das dimensões social, politica, económica, biofísica, geográfica, histórica, cultural e ecológica que caracterizam e determinam a vida em Cacela Velha e focou-se, em particular, nas actividades laborais relacionadas com o mar e com a ria.
Esteve ainda patente um vídeo-animação realizado com as crianças da localidade, durante um workshop de animação stop-motion, orientado pelo artista António Pinto, cujo trabalho se situa no âmbito da arte ecológica, que teve o objectivo de sensibilizar os mais novos para a riqueza do meio onde vivem e para a criatividade enquanto modo de conhecimento.

Mercadinhos de Cacela. Ao longo do ano o CIIPC colaborou com a ADRIP na organização dos mercadinhos sazonais de Cacela (Primavera, Verão, Outono e Natal). Para além da animação no núcleo histórico de Cacela, têm sido também objectivos estabelecer a ponte entre as produções mais tradicionais e as novas propostas criativas de jovens artesãos e dar visibilidade a pequenas produções de grupos locais (escolares e amadores) na área do teatro, da musica e da animação de rua. Ecologia, criatividade e solidariedade são conceitos que orientam e motivam o projecto.




No Outono, o CIIPC colaborou ainda com o Restaurante/Bar “Casa Azul” na organização do Workshop de Chocolates. Envolver os sabores do Algarve num bombom foi o desafio lançado aos muitos participantes! A amêndoa, a noz, a laranja, o limão, o figo, as tâmaras e até coentros inspiraram a confecção e decoração dos irresistíveis bombons.



Edições

Lançamento do Livro “Cacela e o seu poeta Ibn Darraj al-Qastalli na história e literatura do al-andalus” da autoria do investigador Ahmed Tahiri, cuja edição resulta de uma estreita colaboração entre a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e a Fundação al-Idrisi Hispano-Marroquina.
Importante figura da cultura hispano-árabe, o poeta Ibn Darraj nasceu em Cacela no sec. X. Descendente da família berbere que controlava então o hisn (fortificação rural) de Cacela, foi um importante poeta da corte e secretário da chancelaria do Califado de Córdova que chegou a estar ao serviço do conhecido governador Almansor. Considerado o maior poeta do seu tempo, Ibn Darraj é um exemplo da enorme pujança da produção poética do al-Andalus e em concreto no Gharb al-Andalus. Muito estimado pelos seus contemporâneos, deixou uma vasta obra poética, que podemos agora apreciar nesta obra.
A investigação que resultou no presente livro, baseada na extensa consulta das fontes árabes antigas, com o pretexto de conhecermos melhor a biografia de um poeta, conduz-nos ao cerne da História de Cacela, ou Qastalla. Por aí, e muitos outros caminhos, nos leva esta investigação conduzida por Ahmed Tahiri. Desde os aspectos etimológicos às questões relacionadas com a sua formação e origens em redor do século XI; desde os aspectos relativos à sua evolução ao longo do tempo – de alcaria a medina – até à investigação e inventariação das personagens ilustres desse aglomerado que foi então, um lugar de singular importância no contexto do al-Andalus.


Jornadas Europeias do Património em Cacela

Património Oral marcou as comemorações das Jornadas Europeias do Património. O CIIPC / CMVRSA voltou a associar-se este ano, nos dias 25, 26 e 27 de Setembro, às Jornadas Europeias do Património, uma iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia, com o envolvimento de mais de 50 países, com vista sensibilização para a importância da salvaguarda do Património. Neste âmbito, realizou-se no dia 25 uma visita acompanhada a Cacela Velha e à exposição “Cerâmicas islâmicas de Cacela Velha” patente no Cemitério antigo de Cacela Velha.
No mesmo dia à noite teve lugar em Santa Rita um “Serão de partilha de contos antigos”, orientado pelo contador de estórias António Fontinha. A partir dos contos contados procurou-se puxar pelos fios da memória dos participantes para que se recuperasse um pouco deste contar de boca a orelha que marcou a transmissão oral de contos, lendas, romances, adivinhas, lenga-lengas... nas gerações que nos precederam. Um projecto para continuar no sentido de se recuperar o corpus de património oral que ainda se mantém vivo em Cacela.




3. Educação para o Património

Foi bem acolhido o desafio lançado às escolas pelo CIIPC / CMVRSA durante o ano lectivo 2008/2009 com o Projecto educativo sobre os usos antigos da flora algarvia. Para que servem as plantas? É a questão a que as centenas de crianças envolvidas procuram responder, pesquisando sobre os seus usos antigos junto da comunidade local.
Como é sabido, a flora algarvia, rica e diversa, oferece-se desde tempos imemoriais a múltiplos usos. A madeira das árvores (azinheiras, pinheiros, oliveiras) é utilizada na construção das casas, de engenhos para moinhos e noras, assim como de mobiliário e objectos de usos quotidiano. A partir da cana fazem-se os conhecidos telhados de caniço da habitação tradicional da região e com a palha do centeio cobrem-se os palheiros e abrigos de gado. Das piteiras, que encontramos nos valados a limitar as propriedades, tira-se o fio de pita com que faziam as cordas e o pau era utilizado para as velas dos moinhos ou de algumas embarcações como os saveirinhos. Com a palma, o esparto, a cana, ou a tabua fazem-se trabalhos de empreita, cestaria e empalhamento tão característicos do Algarve Rural. Muitas plantas servem para tingir tecidos (nogueira, cebola, limão,...), perfumar as casas e a roupa (alfazema, alecrim, rosmaninho). Algumas eram utilizadas em amuletos para afastar os demónios, as bruxas ou os males de lua (arruda, tasneirinha). São ainda essenciais na alimentação e na medicina popular. É antiquíssima a utilização das plantas para fins medicinais pelas populações rurais e especialmente por ervanários, boticários, pastores, ferreiros e ferradores. São reconhecidas as virtudes de ervas como o hipericão, o S. Roberto, o salgueiro, a erva de Santa Maria, a malva, a camomila, entre muitas outras. Na gastronomia revelam-se oferecendo-se ao paladar e cheiro em saladas (agrião, orégão, acelgas), sopas, caldeiradas (beldroegas, hortelã, poejos), e outras iguarias (tomilho, coentros, nêveda, salva, funcho, espargos,...).
Ao longo do ano lectivo, com a apresentação de um diaporama e sessões de contos na escola, saídas de campo para reconhecimento das ervas, realização de herbários, e oficinas durante as férias, pretendeu-se dar a conhecer a flora autóctone da Região Algarvia; sensibilizar a comunidade para a preservação e valorização da flora local; e estreitar as relações entre a escola e o meio, estimulando o desejo de descoberta e exploração do território na busca das plantas e seus usos antigos.
A partir dos meses de Março e Abril, tem estado em construção em Cacela Velha um jardim de plantas aromáticas, onde as crianças plantaram já dezenas de espécies arbustivas da flora local (alecrim, rosmaninho, salva, murta, esteva, tomilho, erva-ursa, entre outras). Um projecto da ADRIP, no qual o CIIPC, a Divisão de Ambiente da CMVRSA e as escolas envolvidas deixaram o seu contributo.
Nas férias da Páscoa, realizou-se ainda uma Oficina no CIIPC onde as crianças aprenderam a fazer e degustar chás e rebuçados de mel e ervas.
Antes do Natal, no dia 12 de Dezembro realizou-se ainda o “Workshop de Sabonetes Naturais com Ervas Aromáticas” para pais e filhos.




Dinamização da acção educativa “Lugares e datas com estórias” no âmbito do projecto “À Descoberta das 4 cidades. Um concurso de desenho dirigido às escolas envolvidas, como os temas: “personagens e datas” e “monumentos” foi o ponto de partida para a concepção e edição de uma colecção de separadores de livros reunindo 7 personagens e datas marcantes da história de cada município e para uma colecção de 8 puzzles, como 2 dos mais significativos monumentos do Fundão, Marinha Grande, Montemor-o-Novo e Vila Real de Santo António.






No Verão, realizaram-se “Oficinas de Arqueologia” no exterior do CIIPC em Santa Rita. Numa caixa arqueológica com estratigrafia e artefactos arqueológicos de diversas épocas, as crianças e jovens transformaram-se em pequenos arqueólogos utilizando as ferramentas e técnicas da profissão. Continuaram a actividade com as fases de registo arqueológico (caderno de campo, desenho, fotografia); e tratamento dos materiais (lavagem, desenho, restauro, fotografia).



2 comments:

Fernando Moittal said...

que fixe!
parabéns Catarina e equipa!
abraço
F

fluisblanc said...

quantos eventos e acontecimentos ãodiversificados entre educaçãoe arte.Sinto ter perdido varis oportunidades de enriquecerme culturalment por ter sido fora de Portugal. Umano 2010 tão fecundo comoo anterior lhes desejo
françois luis blanc