Thursday, March 08, 2007




Passeios pedestres de interpretação da paisagem
Pedestrian walks on landscape interpretation
Cacela, 2007


Passos Contados... porque os caminhos e os lugares contam estórias – a fonte da moura, o forno para cozer a cal, sinais dos romanos, árabes e outros povos – e ouvi-las passo a passo, conduzidos pela voz de guias especializados (cientistas ou detentores de saberes particulares), é o desafio destes percursos.
O ciclo anual de passeios pedestres temáticos no concelho de Vila Real de Santo António e especialmente em Cacela, é uma proposta do Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela / Câmara Municipal de Vila Real de Santo António. Nesta primeira edição vamos à descoberta dos últimos barcos de Cacela, de plantas medicinais e aromáticas no sopé da serra, de fontes, canhas e noras nas hortas do barrocal, das marcas do passado em Cacela Velha, das arquitecturas do Algarve rural e finalmente de fósseis na ribeira de Cacela.

Passos Contados... because the paths and the places tell us stories – the moorish font, the lime oven, roman, arab and other civilization traces – and to listen them step-by-step, by the voices of specialized guides (scientists or people with particular knowledge), is the challenge of these activities.
The annual cycle of thematic pedestrian walks in Vila Real de Santo António and especially in Cacela, it’s a proposal of the Research an Information Centre on Cacela’s Heritage / Vila Real de Santo António Council. On this first edition we will discover the last boats in Cacela, medicinal and aromatic herbs on the Serra’s base, springs, water wheels on barrocal farms, marks of the past in Cacela Velha, Algarve’s rural architecture and finally the fossils of Cacela’s stream.


Últimos barcos e artes da pesca em Cacela
Com Teresa Patrício, Sofia Trincão e pescadores locais
17 de Março
Ponto Encontro: 9.30 em Cacela Velha

Last boats and fishing arts in Cacela
With Teresa Patrício, Sofia Trincão and local fishermen
March 17th
Meeting point: 9:30 in Cacela Velha

Estão a desaparecer os últimos barcos de pesca artesanal da ria. Botes, chatas, saveirinhos ou dolis, alcatruzes, cabanas, redes e muitos pescadores faziam parte da paisagem de Cacela. No mar alto ou repousando nos areais, os barcos de madeira, baptizados com nomes expressivos (Já te apanho, Duas irmãs, Vencemos, Já vai,...) viam, ano após ano, a sua pintura renovada pelas mãos dos pescadores. Alguns contam longas viagens pela costa de Marrocos ou pelos mares da Terra Nova na pesca do bacalhau. Estão ainda vivas memórias de pescarias fartas de salmonetes, robalos, douradas, polvo, lulas, chocos...; do marisco abundante (berbigão, amêijoa, lingueirão); das antigas artes como a palangrinha, as teias de alcatruzes ou os tresmalhos.
A pesca foi sendo progressivamente substituída pela mariscagem. A partir dos anos 60 multiplicaram-se na ria viveiros de amêijoa e ostras. Os barcos têm sido condenados ao abate, um após o outro.
O percurso começa com a apresentação do documentário “Praia da Lota (1989-2000)” por Sofia Trincão, e termina com uma visita aos “Navegantes” da artista plástica Teresa Patrício.

Plantas medicinais e aromáticas no barrocal e serra algarvia
Com o Mestre José Salgueiro
28 de Abril
Ponto Encontro: 9.30 em Santa Rita

Medicinal and aromatic herbs in Barrocal and Algarve’s Serra
With Mestre José Salgueiro
April 28th
Meeting point: 9:30 in Santa Rita


Percurso de descoberta das plantas do barrocal e serra algarvia, guiado pelo saber de um mestre no estudo, colheita e utilização das plantas para fins medicinais. Nascido no Alentejo, filho de trabalhadores rurais, recebeu os seus saberes dos ensinamentos da mãe, de pastores e de artífices que partilhavam o universo da medicina popular. Experimentou ao longo da vida, os trabalhos do campo, a venda ambulante, o ofício de sapateiro e aos 50 anos resolve assumir as suas paixões maiores: as plantas e a poesia. Com um conhecimento acumulado ao longo de 88 anos intensamente vividos, Mestre Zé Salgueiro tem um genuíno prazer em transmitir os seus valiosos saberes.

Nos trilhos da água. À descoberta de fontes, poços, noras, cisternas, tanques e represas
Com o historiador Luís Oliveira
26 de Maio
Ponto Encontro: 9.30 em Santa Rita

On the water tracks. Discovering springs, wells, water wheels, cisterns, tanks and dams
With the historian Luís Oliveira
May 26th
Meeting point: 9:30 in Santa Rita

Como se elevava a água dos poços e rios? Como era conduzida para a rega de hortas e pomares? Que cultos e crenças permanecem ligados às fontes e poços?
No período islâmico, extensas zonas do Algarve, antigo Garb al-Andaluz, converteram-se em campos férteis pela tecnologia hidráulica dos muçulmanos. Habituados ao deserto, sabiam tirar o máximo partido da pouca água disponível. Introduziram e difundiram sistemas de elevação (noras, azenhas), construíram aquedutos e transformaram os campos em áreas irrigadas e férteis com jardins, hortos e pomares.
Minas, canhas, poços, noras, aquedutos, tanques, cisternas e represas marcam e identificam, ainda hoje, a paisagem algarvia, em especial no barrocal.

Cacela Velha no Garb al- Andaluz. O que os objectos desenterrados nos contam
Com a arqueóloga Cristina Garcia
16 de Junho
Ponto Encontro: 9.30 em Cacela Velha


Cacela Velha on Garb Al-Andaluz. What the exhumed objects tell us
With the archaeologist Cristina Garcia
June 16th
Meeting point: 9:30 in Cacela Velha

Cacela, Qast’alla islámica, entre os sécs. X e XIII é o centro de um distrito rural bem povoado. Terras férteis, hortas e pomares ladeiam a costa de águas calmas que permite pesca e recolha de moluscos em abundância. Os vestígios arqueológicos desta época comprovam a densidade de povoamento rural, disperso pela planície até ao barrocal.
Em 1239, Cacela foi conquistada aos almóadas por D. Paio Peres Correia e doada por D. Sancho II à Ordem Militar de Santiago da Espada.
Actualmente, Cacela Velha preserva sugestivos testemunhos daquela época na arquitectura, nos achados arqueológicos e nas fontes históricas, que iremos observar e descodificar.

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